Um dia da caça outro do caçador.

Nada como um dia após o outro. Porém, há períodos curtos onde temos a impressão é de serem intermináveis.

Tudo pra dizer que um dia você perde mas como o mundo dá voltas não tenha dúvida de que no outro você irá ganhar. Não perca a fé. Afinal, você é responsável pela projeção da superação e vitória da sua existência. Acredite, está escrito nas entrelinhas de seu subconsciente.

São tantas histórias, mais de 7.000 nas quais pude acompanhar por uma temporada, algumas mais curtas outras mais longas. Durante um período, acreditava que nenhuma terapeuta pudesse ter a mesma habilidade que a minha. Eu acreditava que minha compreensão ultrapassava a realidade. Era como se tivesse algo além da normalidade, e que só pertencesse a mim. Dom, capacidade superior de detecção de soluções. Graças a Deus, a ficha caiu e hoje reconheço que outros terapeutas caminham na mesma direção que eu, fazer o bem e dar o melhor sem pretensões. Além disso, entreguei ao universo e ele é capaz de me colocar em qualquer caminho. Claro que me provoco bastante para a consciência de que dependendo das ações que eu tiver estarei num caminho mais favorável e o contrário também, em um caminho desfavorável. Enfim, sou uma das pessoas desse mundão e não a pessoa. Sempre haverá muito a aprender desde que estejamos dispostos a isso.

De volta ao início deste texto e como estava dizendo, nada como um dia após o outro tanto pra você, pra Maria como pra mim.

Vou contar nesse texto sobre a Maria. Mulher que causa curiosidade, dessas que não vêm nessa vida por acaso, aliás ninguém vem nessa vida por acaso. Exercitemos a inclusão democrática sem exceção! Dona de si, Maria tem muita história pra contar. Sua vida foi recheada de altos e baixos. Quando Eric a conheceu ela estava numa fase de transição. Essa mulher encantadora aprendeu a viver sozinha, a solitude deixou de ser um problema há bastante tempo para ela. Desde que Maria ficou viúva, aos 35 anos, de um homem que a amava muito. A partir disso Maria enfrentou algumas batalhas até estar mais fortalecida. Seus filhos órfãos finalmente foram encaminhados assim como prometera para o amado falecido.

Eric se encantou por sua independência. A moça desinibida logo mostrou sua simpatia pela pele do novo amado. Maria bastante curiosa sempre gostou de experimentar a diversidade afetiva e íntima.

Nesse período, Maria conhecia sua nova fase. Depois de mais de 32 anos dedicados aos interesses do lar e de sua família, Maria finalmente suspirava sua liberdade e nova privacidade. Desta vez, uma vida de atribuições no lar apenas para ela mesma. Embora, de acordo com o prometido aos filhos a dependência financeiramente deles seguiria sendo reduzida a cada semestre. Até que finalmente eles possam andar com as próprias pernas e não depender mais financeiramente da mãe.

No entanto, o destino a surpreendeu novamente e desta vez apresentou-lhe Eric que por sua vez ofereceu-lhe a possibilidade de viver novamente o amor. Ele era atencioso, viril, carinhoso e demostrava importar-se com Maria que por sua vez resistia aos seus encantos. Logo agora que Maria havia tomado a decisão de viver só desapegada da pretensão de casar-se novamente.

Nesta fase, Maria aprendera valorizar sua liberdade e individualidade arduamente conquistadas. Para se ter uma ideia muitas coisas simples representavam esse sentimento, como seu novo chapéu. Essa peça a remetia a lembrança de uma senhora que encontrou em uma de suas visitas na loja de roupas femininas zara. A mulher circulava bonita, leve e feliz pelas araras da loja. Ela vestia um chapéu moderno e tinha cara de mulher bem resolvida consigo mesma, era livre… tão somente livre possivelmente de abusos e dependência emocional. Foi assim que Maria decidiu seguir, leve, livre e bela, a libertar-se do peso da responsabilidade familiar rumo a nova projeção inspirada pela senhora Zara. Até que o destino decidiu provocá-la. De fato, Maria sabia que sua vida foi projetada desde a tenra infância. Enquanto seus pais se digladiavam no ringue da vida conjugal, a pobre menina se encolhia solitária debaixo de seu cobertor clamando trégua e projetando em meio a esse vale de mágoas uma vida melhor, onde o sol se faria mais presente num vasto céu azul de andorinhas em bandos, montanhas ao fundo e pequenas nuvens claras a compor o cenário do paraiso perfeito. Ali morariam a paz, os bichinhos de estimação da familia, filhos e casal de mãos dadas, todos felizes. Ela prometeu que seria feliz em seu casamento e que teria um bom marido. Maria encontrou, ou melhor, construiu a paz ao lado de seu primeiro marido até que a morte os separou depois de 15 anos juntos. Maria lutou para reconstruir novamente o cenário ideal da família feliz por mais 17 anos, viúva, lá novamente estavam, o céu, a linda casa, as andorinhas, seus dois filhos, os bichinhos que desta vez aumentaram para quatro e os amigos que sempre chegavam e não tinham pressa de ir embora. O ambiente agradável da casa de Maria proporcionava a sensação de paz e boa energia. O lar de Maria ganhou forma e seus filhos puderam conhecer o valor de um lar familiar.

Porém a nova projeção de mulher zara se mostrou menos resistente frente a possibilidade de ser feliz novamente no amor ao lado do segundo marido. Por esse propósito, Maria seria capaz de tirar seu novo chapéu, sacrificá-lo, e dar lugar ao amor.

O primeiro ano da vida do casal foi intenso, Eric, seus beijos e cuidado, abraço quente e único valiam os sacrifícios de Maria que sentindo-se amada se despediu dos cenários conquistados para construir o desconhecido ao lado do novo amado. Eles se mudaram para outro estado, há 7000 km da cidade de origem de Maria. Deixou seu próprio rumo, a desconstrução de tudo que levou 50 anos para ficar pronto, para seguir o rumo com Eric.

No entanto, o tempo passa e é lógico que tanto Maria quanto Eric começam a mostrar suas deficiências e descontentamentos que por muitas vezes ameaçam a estabilidade dessa nova construção. Ora estável ora frouxa segue a relação. Tudo isso passa a trazer a Maria insegurança e menos felicidade. Uma vez que sabemos que na tenra infância Maria clamou aos céus por uma vida feliz. É claro que a inquietude da alma constantemente se apresenta com pressa de uma providência a altura das promessas da menina Maria. Aliás, desta vez, providencias não só em consideração a menina Maria mas também a Senhora Zara, a bela e seu chapéu de mulher solo bem resolvida.

Eric não imagina que por trás das expectativas de Maria sobrevivem lembranças e promessas, com isso não entende o que de fato deveria e não deveria entregar para ver Maria continuamente em paz e feliz. Quando contrariado e desatendido por Maria, ele muda seu comportamento para o modo suspensão, menos entrega e intensidade.

Claro que o novo marido de Maria, auto centrado em seus interesses e anseios deixa de lembrar que para ter o seu próprio desejo de viver um novo relacionamento a altura de suas projeções, haverá um preço a ser pago. Que preço Eric há de pagar para ter o relacionamento dos sonhos ao lado de Maria?

Maria moderna é independente e hoje paga o percentual de suas contas dentro de casa e não é dependente de Eric. O que a motivou foi a troca afetiva que ele lhe apresentou no início do relacionamento. Esse foi o significado inicial para Maria. No entanto, se o significado não se sustentar dificilmente esse relacionamento será bem sucedido. Tanto Maria quanto Eric não vão desistir de seus sonhos, e olhe que Maria tem dois sonhos e possivelmente Eric não tem apenas um.

Independentemente do desfecho e das escolhas de Maria e Eric, e é claro que torcemos por eles, depois da breve narrativa desse enredo, é importante lembrar que em um relacionamento sério deve existir em primeiro lugar: responsabilidade afetiva, com isso saberemos de fato como o nosso comportamento deve ser ao lado de quem escolhemos amar e receber amor. A maturidade afetiva ensina encontrar soluções ao invés de desistir delas. A ausência da responsabilidade afetiva reclama, cala e paralisa os casais. É preciso crescer no relacionamento, porque a falta da evolução afasta as pessoas. Barganhar por interesses unilaterais prejudica a relação. Um bom exemplo disso é que Maria não pode ser senhora Zara ao lado de Eric, deve ser Maria independente, bem resolvida profissionalmente mas “Maria”. O que será que Eric esconde dentro de si, provavelmente ali também more a versão masculina da senhora Zara do qual ele insiste preservar.

O amor exige renúncias e sacrifícios para sobreviver.

Nesse caso, se houver amor não desistirão um do outro e nessa nova versão mais atualizada como seres humanos também não abandonarão sonhos pessoais. Porém os sonhos devem ser compatíveis com a realidade de casal comprometido e maduro e não casal imaturo. O casal maduro se completa e faz de tudo para satisfazer um ao outro. Há unidade e não individualismo.

Tudo é possível se o amor não for deixado em segundo lugar. Se a prioridade é ser feliz e você vive ao lado de alguém, não desista de viver bem e com excelência na qualidade da convivência.

Concluindo, não há carência quando o amor é priorizado. A carência mora na insegurança de promessas não cumpridas e dúvidas recorrentes. Atender e ser atendido no relacionamento não é brincadeira é coisa séria, isso se chama reciprocidade e comprometimento.

Leia mais no texto onde falo sobre Responsabilidade Afetiva

A terapia de casal pode ser uma grande aliada para fortalecer a relação conjugal, resolver conflitos e ajudar no reforço da responsabilidade afetiva. 

Aqui no blog você encontra nosso contato.

Sucesso!

Cris Monteiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *